Agaxtur apostará em viagens de nicho e quer crescer 35% por ano a partir de 2024

Na véspera da abertura da ABAV Expo 2023, principal evento do setor de turismo do Brasil, o Pronto Pra Viajar conversou com Aldo Leone Filho, presidente da Agaxtur Viagens, uma das maiores agências de viagens do país, e que nesse ano completa 70 anos no mercado.

Leone, que tem mais de 40 anos de experiência no setor, falou sobre como a empresa está lidando com o cenário pós pandemia, e como tem trabalhado com seu time nos bastidores para seguir competindo de frente com seus concorrentes. Contou sobre o recente casamento da Agaxtur com o Grupo Águia Branca, as previsões de crescimento e as tendências do setor para os próximos 5 anos. Além disso, alertou que as viagens de incentivo devem se manter em alta e que o setor aéreo deve crescer como nunca antes nos próximos anos.

Apaixonado por viajar e ter novas experiências em viagens, Leone afirma que o segredo da Agaxtur está em uma fórmula simples, que contém resiliência e dedicação. Desde os primeiros pacotes para a Argentina vendidos nos anos 50, até as grandes viagens de luxo que seu time organiza hoje, disse que a empresa nunca deixou um passageiro sem viagem.

Confira a entrevista na íntegra:

A Agaxtur acaba de completar 70 anos. Em um mercado tão instável e competitivo como o brasileiro, como foi possível sobreviver a todas as crises desse período e ainda hoje manter uma marca tão bem posicionada no setor de turismo?

ALDO LEONE: O importante nesses 70 anos é que sempre tivemos resiliência, de sermos uma empresa que sempre teve vários produtos, multiprodutos, multidestinos. Então a instabilidade, a crise, nunca pegou a gente. A não ser nos últimos três anos de pandemia, que foi um evento mundial.

Se pegarmos nos últimos 70 anos, todos os destinos tiveram altos e baixos, e esses destinos podem ser América do Sul (as estações de ski), a própria costa brasileira, os resorts, o Caribe, cruzeiros marítimos na costa dos Estados Unidos, no Caribe também. Além disso a Itália, a Europa, o centro da Europa, hoje o norte da Europa. Todos esses locais tiveram variações ao longo do tempo, e a Agaxtur sempre esteve presente em todos.

Nos anos 50, nós operávamos muito Estados Unidos e Europa, nos anos 60 cruzeiros, nos anos 70 cruzeiros e viagens para a Disney. Aí começou Europa, principalmente Itália. Nos anos 80 os resorts do Brasil foram criados e construídos, nos anos 90 começou o Caribe, Cancún, e continuava os Estados Unidos também e os cruzeiros marítimos com navios gigantes que começaram a ter no Brasil a partir de 2000.

Daí em diante o turismo está grande, hoje enorme. A grande instabilidade do mercado nesse tempo foi mesmo a pandemia, as demais passaram rápido. A marca Agaxtur é uma marca de resiliência, de qualidade e de trabalho. Sempre foi dedicação total.

A Agaxtur passou recentemente pela aquisição pelo Grupo Águia Branca. O que muda na empresa em termos gerenciais, e qual é a mensagem que a empresa passa para os agentes de viagem nesse sentido?

AL: A grande modificação da Agaxtur com a chegada do Grupo Águia Branca é a governança corporativa. A Agaxtur adquiriu uma governança e um potencial financeiro muito maior. O que temos é uma sinergia muito grande de empresas que tem mais de 70 anos em gestão. A gestão do Grupo Águia Branca é muito parecida com a gestão da Agaxtur e temos aprendido muito com eles. Eu diria que é uma parceria absolutamente feliz, e que vai dar um resultado muito grande no setor.

Em termos de faturamento e número de colaboradores diretos, quanto a Agaxtur projeta para 2024, e quanto esse número representa com relação ao que está previsto para fechar 2023?

AL: Pretendemos crescer 35% por ano nos próximos 5 anos.

Qual será o foco de vendas para 2024 em termos de turismo de lazer?

AL: Nosso orçamento já está pronto. Nosso foco será no lazer, nas viagens de nicho. Por exemplo, casamentos, as Olimpíadas na França, viagens de pessoas desacompanhadas, viagens de pessoas acima de 60 anos, que é inclusive um dos mercados que mais crescem. Isso tudo, junto com os cruzeiros marítimos. O mercado de cruzeiros marítimos deve crescer mais de 50% nos próximos 5 anos, e já há um crescimento orgânico desse segmento no mundo, com vários tipos de navio.

Vamos investir bastante também no “luxury”, outra divisão de mercado que não para de crescer no mundo. São muitos novos navios e hotéis de luxo no mundo, atividades, experiências, expedições também. Além disso, claro, vamos atuar nos resorts do Brasil, resorts na Argentina, ilhas do Caribe.

E a aviação vai crescer muito também. Caiu muito durante a pandemia, agora ela volta com tudo. A cada 2 ou 3 meses temos novas rotas, como por exemplo o voo para a África do Sul que começa a voar agora em setembro, um voo da South African Airways e um voo da LATAM. Nós vamos investir muito pesado nos produtos África e África do Sul.

O mercado de turismo de negócios tem retomado o ritmo forte de antes da pandemia. De que forma esse movimento impacta nos resultados da Agaxtur, e quanto a empresa espera faturar em 2024 nesse segmento?

AL: Esse mercado está muito forte. A Agaxtur tem um departamento chamado Agaxtur Viagens de Incentivo, e esse departamento já atingiu todas as metas de 2023 e tem uma meta muito grande para 2024 com convenções, eventos e incentivos. Quando o mundo pensou que esse tipo de viagem estava acabando, o maior crescimento em 2023 foram nas viagens de incentivo, das pequenas às grandes empresas, levando seus funcionários, colaboradores, vendedores, distribuidores, para fazer relacionamento. Acho que o que nasceu depois da pandemia, e é uma palavra muito forte hoje, é o networking, o relacionamento entre pessoas que geram negócios.

A venda de milhas por usuários a agências no Brasil tem crescido, um modelo de negócio que não é unanimidade no setor de turismo. Como a Agaxtur pensa a respeito desse tema?

AL: A Agaxtur nunca participou de venda de milhas, nem de emissão com milhas, e sim nós vendemos as viagens comercializadas no mercado, estamos há 70 anos nesse mercado. Nunca deixamos de entregar nenhuma viagem, nunca deixamos nenhum passageiro sem a viagem, a gente não está no mercado de milhas.

Existe ainda hoje no portfolio da Agaxtur algum serviço que nunca saiu da prateleira da empresa desde que foi fundada em 1953? Se sim, qual é e como a empresa explica esse sucesso?

AL: Um destino que nasceu com a Agaxtur foi a Argentina. Bariloche e Buenos Aires foram os primeiros destinos que a gente viajou de 1951 a 1955. A Bahia foi o segundo destino comercializado pela Agaxtur e o terceiro foi Miami e Nova Iorque. Depois pulamos para os cruzeiros marítimos desde 1962 até hoje. Então a maioria dos destinos são perenes. Claro, apareceram novos destinos como Cancún, cujo projeto foi criado nos anos 90, e não existiam no início. Mas esses outros sempre existiram.

Para finalizar, qual é o seu destino favorito? Quantas vezes já esteve por lá, e porque gosta tanto desse lugar?

AL: Destino favorito não existe. Meu destino favorito é viajar, para todos os lugares do mundo. O que eu gosto mesmo é movimento, é conhecer novas comidas, novos cheiros, novas atrações, novos destinos e, principalmente, novas culturas. O turismo cultural é o que mais cresce, é o que eu tenho mais dentro de mim. A cultura pode ser um churrasco na Argentina, uma sopa de tomate na Islândia, uma pasta tartufo na Itália, ou um hambúrguer gigante em Las Vegas que eu comi há 15 dias. Ou até mesmo se hospedar num resort no Caribe, e entender aquelas ilhas do Caribe. Eu sou um amante de viagens.

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