Azul e LATAM destacam crescimento e pontos de atenção para o setor aéreo em 2024

Na tarde da última quarta-feira (08), o Pronto Pra Viajar esteve presente no Fórum Panrotas, em São Paulo, para a cobertura do evento que é um dos principais encontros do setor de turismo do Brasil, e reúne centenas de profissionais do trade.

A expectativa era de um debate entre os CEOs das três maiores companhias aéreas brasileiras – Azul, GOL e LATAM. Porém, apenas a Azul, representada pelo seu presidente Abhi Shah, e a LATAM, representada por seu CEO Jerome Cadier, estiveram presentes. As participações de ambos foram individuais, em formato de entrevistas mediadas pelo jornalista William Waack.

AZUL

O presidente da Azul apontou que a empresa está em fase de evolução de negócios e em busca de soluções para o futuro de suas operações no pós-pandemia. A Azul recentemente negociou acordos para pagamentos de leasing de suas aeronaves, o que trouxe um respiro para seu caixa. Este custo representa mais de 80% da dívida da empresa.

Segundo Abhi, o cenário atual de preços altos das passagens aéreas deve-se principalmente a fatores como o custo do combustível, que segundo ele triplicou, e o aumento das condenações em ações judiciais. Ao ser questionado sobre a indústria das indenizações, criticou duramente a situação pela qual a empresa passa. “Eu acho que é uma indústria que está tomando vantagem do consumidor, e que a longo prazo [isso] não é bom. Nós também estamos do lado do consumidor“, afirmou.

Sobre futuro, a Azul aponta crescimento mais forte a partir de 2024 e deve continuar a troca de suas aeronaves para modelos mais modernos, como o Embraer E2. Além disso, a ampliação de destinos deve atingir 200 cidades muito em breve. Hoje são 158. Sobre a ampliação das operações em São Paulo/Congonhas (CGH), o executivo indiano afirmou que ainda esse mês haverá um aumento na quantidade de rotas partindo do aeroporto central da capital paulista e que ao fim dessa expansão serão 42 decolagens diárias de CGH para o Rio de Janeiro, Recife, Belo Horizonte, Brasília, Curitiba e Porto Alegre. “O principal foco serão os destinos considerados mais ‘corporativos’, disse.

O executivo encerrou sua entrevista falando um pouco sobre a relação da Azul com as agências de viagens, e que o objetivo é que sempre mais pessoas possam viajar. Para finalizar, também deu sua opinião sobre as empresas que compram e vendem milhas. Abhi afirmou que o Brasil é o único país em que há o compartilhamento de senhas para que outras pessoas façam resgates de milhas e que essa prática não existe em outros lugares. “Isso é ruim para o cliente, por que a Azul está bloqueando as contas. Se você compartilha a sua senha com alguém para resgate de milhas, nós vamos bloquear sua conta. São nossas regras, e isso é ilegal“, concluiu. Em momento de descontração, o jornalista William Waack brincou, e disse que “o Brasil é para profissionais”.

Presidente da Azul, Abhi Shah, opina sobre o mercado de milhas no Fórum Panrotas 2023

LATAM

A entrevista de Jerome Cadier também abordou temas polêmicos como o mercado de milhas aéreas, o aumento de processos na justiça, o preço das passagens, as projeções da empresa para o futuro e a recente recuperação judicial que a LATAM passou.

Confira na íntegra o vídeo da entrevista de Jerome Cadier no Fórum Panrotas 2023.

O CEO da LATAM abordou os diversos desafios que a companhia terá pela frente

Os principais pontos abordados na entrevista do CEO da LATAM você confere aqui:

1. Mercado de Milhas

  • Atividade destrói os programas de fidelidade;
  • Objetivo dos programas é recompensar clientes leais e fiéis;
  • Influencia no comportamento de compra do consumidor;
  • Afeta a questão da fidelização do cliente pela marca;
  • Quando se compra e vende milhas, é desfeito o negócio da lealdade;
  • As próprias companhias aéreas, incluindo a LATAM, impulsionaram no passado esse mercado de milhas;
  • O comércio de milhas, porém, tomou proporções destrutivas;
  • A empresa tem feito e continuará fazendo suspensão e cancelamento de contas que infringirem o que está no regulamento;
  • A LATAM reduziu o número de promoções para não incentivar a indústria desenfreada de pontos;
  • Uma série de melhorias de sistema serão implementadas para evitar que se burlem as regras do programas;
  • A LATAM seguirá tentando convencer a Justiça de que ao concordar com as regras do programa, o cliente deverá cumprir as regras. Quem não quiser cumprir deverá optar por outros programas;
  • O mercado de milhas não pode afetar o agente de turismo que é responsável por vender pacotes e viagens;
  • Os juízes que estão dando ganho de causa para atividades ilegais devem entender que a empresa não está indo contra o consumidor, mas sim preservando o valor do programa de fidelidade;
  • Se não conseguirmos lidar com o problema hoje, daqui dez anos provavelmente não teremos mais programas de fidelidade;

    2. Indústria da Indenização
  • A indústria da indenização afeta muito a LATAM;
  • A empresa tem 55% das suas operações no Brasil, e 99% das suas ações na Justiça estão no Brasil, o que faz que a operação da LATAM seja mais cara;
  • Em todas as passagens emitidas pela LATAM, R$ 10 são reservados para pagamento de indenizações;
  • A LATAM foi condenada em 20 mil reais em uma ação em que o passageiro se confundiu de aeroporto para conexão, segundo o CEO;
  • São milhares de casos parecidos com esse todos os meses;

    3. Preço da Passagem Aérea
  • Não dá para saber quando iremos pagar passagens mais baratas;
  • Dólar, preço do combustível, indenizações e custo trabalhista são fatores que influenciam muito na formação do preço. É difícil estimar para onde tudo isso vai;
  • O ponto pacífico é que as companhias estão cobrando caro e, mesmo assim, não mostram margens super saudáveis;
  • Nos últimos 4 ou 5 anos, foram bilhões de reais em prejuízos entre as companhias brasileiras;
  • É preciso ter um olhar estrutural e consistente, e não aplicar apenas ações de curto prazo;
  • O custo de operar no Brasil é muito alto;
  • É preciso olhar também no desenvolvimento do país;
  • O crescimento do mercado de aviação na década de 2000 foi impactado por dois fatores: o custo da passagem caiu e a renda do brasileiro aumentou;
  • Não podemos nos contentar com 1 ou 2% de crescimento econômico, o país precisa seguir seguidamente 5, 6% e isso faz com que mais pessoas possam pagar tarifas que ele espera que sejam mais baixas;

4. Projeção de Crescimento

  • O crescimento do mercado, hoje ainda está tímido;
  • Jogamos fora 4 anos, em função de tudo que aconteceu com a pandemia;
  • Em 2023, a LATAM deve repetir o resultado de 2019;
  • Para 2024-2025, há previsão de crescimento maior;
  • A LATAM está atualmente contratando pilotos, pessoal de aeroporto e mecânicos;
  • A empresa iniciou operações em seu centro de manutenção de São Carlos (SP) para atendimento de aeronaves que operam fora do Brasil. Trata-se de uma medida de redução do custo de operação. Anteriormente, as funções eram realizadas fora do país, com custos bem mais altos;

    5. Chapter Eleven*
  • A LATAM acabou de sair do processo de recuperação judicial;
  • A companhia já começou a ser beneficiada, porque “tomou o remédio amargo, cedo”;
  • Já houve mais de 35% de redução de dívida e 45% de redução de custo operacional por conta da renegociação de contratos;
  • A estrutura acionária foi refeita, e a LATAM recebeu novos aportes de empresas como Qatar, Delta e Grupo Cueto (esses 3 somados tem atualmente 27% da empresa; antes do Chapter Eleven eram 47%). Fundos americanos completam a composição acionária;

    *Chapter Eleven é o equivalente americano a um processo de recuperação judicial.

6. Investimentos em Tecnologia

  • A avaliação é de que a LATAM está muito bem hoje, em termos de sistemas. O executivo considera que o atual sistema da empresa está “no estado da arte”;
  • A interligação de sistemas era muito complexa e cara no passado, hoje tem problemas mas a plataforma permite mais velocidade, flexibilidade e estabilidade;
  • A prioridade é proteger a empresa e seus sistemas contra ataques cibernéticos;

7. Voos Internacionais

  • A LATAM irá retomar a rota entre São Paulo e Joanerburgo em setembro;
  • Em agosto, será a estreia da rota São Paulo – Los Angeles;
  • Parceria com a Delta permitirá muito mais integtração entre as malhas, tanto nos EUA quanto no Brasil;

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