Crise da 123 Milhas abre oportunidade para reflexão no setor de turismo

Uma reviravolta não tão surpreendente agitou o mercado de viagens no Brasil nos últimos dias, com a empresa 123 Milhas no epicentro de uma controvérsia que tem deixado consumidores e especialistas em alerta. O que começou como uma ideia inovadora, a de vendas de passagens e pacotes “flexíveis”, agora está na mira dos órgãos reguladores e defensores dos direitos do consumidor.

Fundada em 2017, a 123 Milhas rapidamente se destacou como uma das principais empresas de venda de passagens aéreas e pacotes de viagens com desconto no país. Seu modelo inovador, que envolvia a compra de passagens aéreas com milhas e a revenda a preços reduzidos, conquistou a confiança dos consumidores que buscavam economizar em suas viagens.

A empresa cresceu exponencialmente nos primeiros anos, angariando elogios por seu atendimento ao cliente, propagandas megalomaníacas em aeroportos por todo o Brasil e por sua abordagem inovadora no mercado de viagens, o que a tornou uma queridinha entre os viajantes ávidos por ofertas atraentes.

Contudo, na última sexta-feira (18), a 123 Milhas começou a comunicar seus clientes que não honraria produtos comprados da categoria “Promo” que aconteceriam de setembro a dezembro deste ano, propondo reembolso por meio de vouchers parcelados, para uso exclusivo dentro da plataforma da própria companhia.

A notícia não agradou a todos, e gerou rapidamente uma tempestade midiática após denúncias de clientes insatisfeitos começarem a circular nas redes sociais. Algumas associações de classe, órgãos de defesa do consumidor e até mesmo o Governo Federal se posicionaram, alegando abuso na condição proposta pela empresa pelo não cumprimento dos contratos. Agora se inicia uma longa batalha por direitos, principalmente para aqueles que tinham comprado a “viagem dos sonhos”.

Realidade do mercado

O setor de turismo passa por uma alta inflação nesse momento, muito por conta do aumento da demanda por viagens após a abertura dos mercados no cenário pós-pandemia. Dessa forma, é natural um aumento nos preços praticados pelo setor, tornando raras as grandes promoções nesse período, salvo uma ou outra exceção.

Ao decidir investir em uma viagem, é importante que o consumidor observe esse movimento, para que possa calcular o risco da compra de forma racional e eficaz. Dessa forma, vai diminuir muito a possibilidade de se fazer um mau negócio, que muitas vezes pode ser a destruição de um sonho.

Agora, enquanto a 123 Milhas luta para recuperar sua reputação e reconquistar a confiança dos seus clientes, os consumidores estão ansiosos por respostas e a garantia de que os seus serviços contratados sejam honrados ou reembolsados da forma que prevê a legislação brasileira.

Essa, contudo, é uma crise que abre uma grande oportunidade para que o setor de turismo reforce, como um todo, o debate sobre a importância da transparência e da responsabilidade no mercado de viagens. Mostrar com mais clareza e alertar amplamente o consumidor sobre os riscos só vai trazer benefícios, tanto para as empresas quanto para seus clientes.

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