Novo parque da Universal deve acabar com o “vou pra Disney”

Uma paixão que estava esquecida, mas que foi recuperada, remoldada, e transformada em hobby, e depois em negócios.

O Pronto Pra Viajar conversou com Felipe Trindade, produtor e apresentador do podcast Passaporte Orlando, o maior sobre o tema no Brasil. Falamos sobre como começou o seu encanto e o de sua esposa Juliane pela cidade de Orlando, na Flórida (EUA), e onde essa história veio parar. Ele explicou ainda como é o desafio de produzir um conteúdo sobre um local sem morar no local. E como fundaram uma agência de viagens para ajudar quem tem o sonho de ir para Disney.

Aliás, Felipe explica porque essa expressão “ir pra a Disney”, tão popular entre os brasileiros, pode estar com os dias contados. Ele traz uma visão muito importante sobre as tendências e impactos que o Epic Universe, novo parque da Universal, deve causar no mercado de viagens para a Flórida a partir de 2025.

A dupla em ação no Carrossel

Confira a seguir a entrevista na íntegra!

COMO TUDO COMEÇOU

[PPV]: Como surgiu a ideia de criar o Passaporte Orlando?

[Felipe Trindade]: A primeira vez que eu fui para Orlando foi em 1995, com meus pais, quando era adolescente ainda. Era aquele “magrelão” desengonçado, de bigodinho, sabe? (risos). Na saudosa época em que o dólar era 1 para 1 [R$ 1 = US$ 1], em que muitas pessoas tiveram a oportunidade de fazer essa viagem, por conta da paridade do dólar. É bom nem lembrar dessas coisas!

Depois disso, eu nunca mais tive um contato forte assim com Orlando. Vontade até sempre tinha, eu não tinha possibilidade em voltar para Disney depois daquela nossa ida em família.

Eu sempre curti Disney pelas animações. Adorava ver os filmes, as animações, especialmente aquelas clássicas dos anos 90, que foram a grande “renascença” da Disney. Eu ia no cinema ver todas elas, fui ver Pequena Sereia, A Bela e a Fera, Rei Leão. A gente brinca com isso no Passaporte Orlando, falando que nós somos “as quengas da Disney”, né? (risos).

Bom, aí passou o tempo, eu entrei na faculdade. No primeiro ano de faculdade eu conheci a Ju [Juliane Serra, esposa e também apresentadora do Passaporte Orlando]. Então a gente começou a namorar, em 2000. Eu fazia engenharia, ela fazia Geografia. Depois ela mudou de faculdade, foi fazer Relações Públicas. Aí nos casamos em 2008. E em 2009 começamos a programar nossa primeira viagem para os Estados Unidos.

[PPV]: Então teve um gap grande, né? De 1995 a 2008 sem ir para Orlando.

[FT]: Teve, teve esse gap grande. Eu não tinha ido mais. Mas eu sempre tinha essa memória de ter sido uma coisa que eu tinha gostado muito.

Em 2009, a Ju queria muito ir para Las Vegas e para Nova Iorque, na época do Natal, que era um sonho dela. Aí eu disse: por que a gente não coloca Orlando nesse roteiro? Pensamos, “ah, mas Orlando, Disney, isso é coisa criança. O que que tem pra fazer lá?” A Ju não tinha aquilo na memória dela, só eu. Ela queria viajar para Europa e conhecer coisas mais culturais e tal. Ela nunca teve esse apego com Disney além dos filmes. O filme favorito dela é a Bela e a Fera. No fim das contas, incluímos 6 dias em Orlando.

Não pesquisamos nada (risos). Eu não sabia que existia Animal Kingdom, não sabia que existia Islands of Adventure. Eu não sabia porcaria nenhuma. A gente foi cru assim. Sabe aqueles que caem de pára-quedas? Porque eu fui com aquela memória de 1995. Eu não tinha ideia de quanto tinha crescido aquele negócio, desde aquela minha primeira visita.

[PPV]: E mudou bastante, né, de 1995 a 2008?

[FT]: Mudou muito! Nossa, mudou pra caramba. É outra Orlando, totalmente diferente. Foi muito louco porque foi a primeira parada dessa viagem, e para mim foi uma surpresa, porque eu vi muita coisa que estava aqui na minha memória. Estava tão “apagadinho”, sabe as esferas cinzentas do “Divertida-mente”?

Para mim foi me reencantar, me reconectar com aquele lugar que eu gostava, que eu tinha gostado tanto e que eu lembrava que eu gostava, mas não lembrava porque que eu gostava. E aí nessa viagem eu lembrei do porquê eu gostava.

Quando voltamos dessa viagem, tivemos aquela sensação de que a gente não fez Orlando direito, que devia ter muito mais coisa. A gente precisava voltar para lá. E a Ju se apaixonou também, aí já era. Tanto que a gente mal voltou e já estava planejando a próxima ida em 2010, para fazer só Orlando.

A ideia era fazer direito Orlando, com mais tempo. Aí sim, eu fui estudar, fui pesquisar, fui entender como é que era, o que tinha, o que não tinha, o que era fast pass, sabe? Eu fui entender melhor as possibilidades, porque a gente realmente caiu de pára-quedas naquela primeira viagem.

[PPV]: E depois dessa vez não pararam mais…

[FT]: A gente voltou de novo em 2010 também. Aquela a paixão só cresceu. Em 2011, marcamos uma terceira ida seguida, só para Orlando. E aí foi nessa terceira vez, de 2011, que realmente aflorou esse amor todo por Orlando. Em 2012 fomos de novo, só que aí levando os nossos pais.

Aí a Ju começou escrever um blog sobre Orlando, ele já chamava Passaporte Orlando. E então a gente começou. Nem tínhamos muita intenção de escrever nada muito profundo. Era só falar um pouquinho da experiência, colocar algumas postagens sobre parques e tal. Nunca houve a intenção de virar blogueiro. Era só para ter um lugar para expressar a nossa paixão ali por aquele negócio.

Ja dizia Harry Potter: “São as nossas escolhas, mais do que as nossas capacidades, que mostram quem realmente somos.”

PODCAST SOBRE ORLANDO SURGE E PREENCHE GAP NO MERCADO

[PPV]: E o podcast, veio depois?

[FT]: Eu já era consumidor de podcast desde pelo menos 2005. Aí conheci o Léo Lopes, que eu considero meu mentor de podcast. Fiz o curso dele, comprei o livro dele, encontrei ele na CCXP. Inclusive o meu site foi feito pela Rádiofobia, empresa dele, então eu considero o Léo meu mestre do podcast. Eu aprendi muito com ele. Hoje, muito da qualidade do Passaporte Orlando vem por conta do que eu aprendi ali.

E aí foi ouvindo um podcast que me deu um estalo na cabeça. Tinha saído um episódio do Nerdcast que eles fizeram um “nerd tour”, eles tinham ido viajar para os parques. Eu já gostava de ler sobre os parques, já gostava de podcast, e os caras falando de Orlando! Aí fui procurar se tinha podcast no Brasil sobre Orlando, e eu achei um. Que acho que tem até hoje, mas assim, era um podcast com uns “drops” de 10 a 15 minutos só com notícias.

Mas não era aquilo que eu queria ouvir. Eu gostava de ouvir esses podcasts que são mais um papo entre amigos falando, ou podcast de storytelling, eu queria ouvir alguém falando mais informação, trazendo alguma coisa mais concreta, uma coisa mais descontrolada. Mais opinião e não só uma leitura robótica, o que que era mais ou menos o que aquele podcast fazia.

[PPV]: Você queria que existisse um Passaporte Orlando!

[FT]: Exato (risos). Eu me peguei escrevendo um e-mail para o Jovem Nerd, elogiando o episódio e pedindo para falarem mais de Orlando. E coincidentemente, na mesma época, eu ouvi o Léo Lopes falando em um podcast (não me lembro exatamente o contexto), mas ele falou algo como “ao invés de você ficar mandando e-mail para o seu podcast favorito, perguntando, pedindo para o cara falar sobre o assunto, se você gosta do assunto, se você sabe falar desse assunto, porque que você não faz o seu próprio podcast sobre esse assunto?” Aí eu refleti: porque não?

[PPV]: E já tinha o blog, né?

[FT]: Sim! Pensei: a gente já tem o blog, e já tem até nome. E com a minha experiência como ouvinte de podcast, eu já tinha na minha cabeça o estilo que eu gostava.

[PPV]: E como foi gravado o primeiro episódio?

[FT]: Um dia sentamos eu e a Ju no sofá da sala, com um laptop. Não tinha equipamento, não tinha nada. Falamos assim: “vamos sentar e gravar o primeiro episódio aqui”. E foi assim que tudo começou, em 2012. Gravamos com o microfonezinho do laptop. Está lá até hoje esse primeiro episódio, ainda dá pra ouvir. É horrível (risos). Eu não tenho nem coragem de ouvir, porque eu acho muito ruim.

[PPV]: Demais! A partir daí, não pararam mais?

[FT]: O primeiro ano a gente não queria se forçar a fazer nada mensal, semanal, nada disso. “Ah, quando der a gente grava”. E acho que no primeiro ano a gente soltou 6 ou 7 episódios, porque de vez em quando a gente sentava e gravava, naturalmente. Eu estava aprendendo a editar. Eu sempre fiz tudo, até hoje. Eu faço 100% do trabalho do podcast sozinho.

[PPV]: Desde a pauta, até a finalização?

[FT]: Sim, eu mesmo monto a pauta, chamo os convidados, ponho pra gravar, gravo, edito, publico e atualizo o site. Só que hoje já tem uma bagagem, né? De quase 13 anos. Às vezes eu me sinto cansado, mas é uma coisa muito gratificante fazer esse podcast.

[PPV]: Até porque depois acaba virando uma rotina, não é mesmo? E dá vontade de fazer cada vez mais!

Exato. Nesse primeiro ano foi assim, mais tranquilo. Aí no segundo ano decidimos aumentar. Queríamos pelo menos um episódio por mês, obrigatoriamente. Aí já investimos em um gravador, com microfone melhor, para captar melhor o som. Coisas que eu aprendi muita coisa no curso que eu falei antes.

[PPV]: E a ideia era aumentar cada vez mais, eu imagino.

[FT]: Bom, aí chegou 2015, e eu fiquei desempregado do meu trabalho no CLT. Sou engenheiro, sempre trabalhei com engenharia. Para mim, o podcast sempre foi um hobby.

Aí com mais tempo livre, decidimos aumentar, dobrar o número de episódios por mês. A gente começou a fazer dois episódios por mês. Nesse meio tempo, a Ju não estava feliz com o trabalho dela, pediu demissão e foi estudar turismo. Daí abriu a agência dela.

[PPV]: As coisas foram se juntando…

[FT]: Exato. Então, já que gostávamos de falar de Orlando, sabíamos falar de Orlando, então pensamos: vamos começar tentar ganhar dinheiro com isso, vendendo viagens. E enquanto eu estava desempregado, comecei a trabalhar com a Ju vendendo viagem. E foi nesse foi nesse momento que a gente deu o maior “boom” no podcast, porque a gente dobrou a quantidade de episódios produzidos por ano. Começou a chegar muita gente, muito ouvinte novo.

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RELAÇÃO COM OUVINTES PASSA A SER MAIS PRÓXIMA E COMEÇA A GERAR NEGÓCIOS

[PPV]: E aí vai ampliando a relação e a conexão desses ouvintes com vocês.

[FT]: O podcast é uma mídia que fideliza muito mais as pessoas do que YouTube, do que televisão, por exemplo. O podcast é fundamentalmente uma experiência solitária, digamos. Claro que muita gente hoje põe no rádio para ouvir, ouve com a família e tal. Mas o mais comum é a galera que coloca um fone de ouvido e vai curtir. É uma comunidade em que as pessoas se conectam mesmo.

Quando você está no podcast, você está falando direto no ouvido da pessoa. Isso cria um senso de amizade que a pessoa tem com o produtor do podcast. É muito normal. A quantidade de pessoas que fala com a gente, que manda mensagem. A gente está trocando mensagem ali no Instagram e parece que você está falando com a pessoa por uma vida inteira.

E então, muito por isso, o podcast é hoje uma fonte muito importante de clientes para nossa agência.

[PPV]: No fim das contas, essa proximidade criada acaba gerando negócios, certo?

[FT]: Sim. A nossa principal fonte de divulgação da agência é o podcast. As pessoas chegam pelo podcast, se tornam clientes da agência comprando viagem com a Ju, porque tem essa proximidade, porque querem participar.

Aí criamos no Passaporte Orlando o “Momento Boa Viagem”, em que a gente agradece nominalmente cada pessoa, cada cliente. As pessoas ficam muito felizes em ouvir seus nomes e serem agradecidas. É uma recompensa para elas e para nós também.

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O DESAFIO DE PRODUZIR UM PODCAST SOBRE ORLANDO SEM MORAR EM ORLANDO

[PPV]: Para quem nunca ouviu falar do Passaporte Orlando, como você o descreveria?

[FT]: É um podcast de dois malucos pelos parques, pela cidade, pelas viagens de Orlando. Expressando seu amor por aquele lugar e trazendo informações, dicas, curiosidades, histórias e relatos. Tudo para quem quer conhecer ou se aprofundar no conhecimento sobre os parques da Disney, da Universal, SeaWorld e outras coisas mais que tem na cidade de Orlando. É o podcast que você vai ouvir muita informação aprofundada, e muita notícia.

Em alguns momentos falamos também sobre nossas experiências com outras viagens. Então é a nossa forma de comunicar essa nossa paixão por viajar, em especial para Orlando.

[PPV]: E como vocês se atualizam sobre as novidades de lá, não morando lá?

[FT]: Essa é a nossa maior dificuldade em produzir conteúdo sobre Orlando não morando lá! Afinal de contas, a gente mora aqui no Brasil, em São Paulo. E a gente ainda não consegue ir todo ano, a nossa média atual tem sido ir pelo menos a cada 2 anos.

Temos que acompanhar muito os canais que trazem notícias de lá de alguma forma mais séria. São muitos blogs, sites de notícias, canais no YouTube. Eu tenho aqui no feed vários selecionados, então toda vez que vamos falar sobre notícias, eu filtro todas as notícias dali. A grande maioria deles, americanos.

[PPV]: Como vocês decidem a pauta, que atrações vão entrar nos episódios do Passaporte Orlando?

[FT]: É o que dá na telha, o que a gente tem vontade de falar. Mas todo mês de janeiro eu sento e tento fazer um planejamento de episódios para o ano todo, de pelo menos algumas coisas que eu acho que a gente deveria falar.

Por exemplo, recentemente soltamos 3 episódios falando só sobre comida nos parques. Fazia muito tempo que a gente não fazia episódios sobre comida de parque. Então vamos lá, está na hora de dar uma atualizada, fazemos.

E os ouvintes também sugerem temas, então vamos anotando tudo, mesclando e fazendo.

Temos também um compromisso com nossos assinantes. São ouvintes que apoiam o Passaporte Orlando por meio de crowdfunding. Quando batemos as metas temos episódios extras, aí costumamos fazer alguma coisa um pouco diferente, brincadeiras, game show, algo de opinião, uma brincadeira só entre eu e a Ju.

[PPV]: Quem já ouviu o PO sabe que os episódios são muito densos, completos e detalhados. Porque vocês decidiram ir por essa linha?

[FT]: Eu sou muito curioso pelas coisas. A gente já fez vários episódios que eu fico detalhando coisas que os “imagineers” pensaram para cada atração, detalhes, porque também faz parte da minha curiosidade de engenheiro. Eu sou engenheiro mecânico, então eu adoro ir numa atração e saber como ela funciona. Eu adoro olhar para os bastidores, ver como funcionam as engrenagens, como foi projetado, e contar para o público.

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COMO AS VIAGENS A ORLANDO SE TORNARAM UMA GRANDE PAIXÃO

[PPV]: E agora falando um pouco de experiência. Quando vocês foram pela primeira vez juntos para Orlando, que atrações mais ficaram marcadas na memória?

[FT]: Eu sei que é o mesmo que chover no molhado, mas acho que foi a Twilight Zone Tower of Terror, no Hollywood Studios.

Porque aconteceu o seguinte: naquela primeira viagem, o primeiro parque que a gente entrou foi Universal Studios. E foi a primeira experiência da Ju, então foi a primeira referência, a primeira impressão dela. E não foi a das melhores. Hoje os parques da Universal são bem melhores que naquela época. E a primeira atração que entramos foi o Shrek (risos) e era um cineminha muito ruim, então ela ficou meio frustrada.

No dia seguinte, fomos no Hollywood Studios, e foi a primeira “experiência Disney” da Ju. Aí ela sentiu a diferença. E já falou: “Opa, espera aí, aqui tem alguma coisa diferente!”

Ela morria de medo de atração radical. E aí foi quando a gente foi para a fila do elevador, por mais que ela tivesse medo, foi suave e paixão à primeira vista.

Até hoje essa atração se sustenta muito na qualidade do storytelling, da ambientação, da diversão que ela proporciona, né? Então foi um impacto muito forte para nós e até hoje a gente ama essa atração que é a nossa favorita do coração.

ESTUDAR E PLANEJAR UMA VIAGEM PARA ORLANDO NÃO É MAIS OPCIONAL

[PPV]: Para quem está planejando uma ida pela primeira vez, com a família, ou mesmo para quem quer ir sozinho, o que você como especialista recomenda, em termos de parques?

[FT]: Bom, em primeiro lugar, o recado que eu dou para uma pessoa que está começando do zero, indo pela primeira vez, é: “você vai ter que estudar!”.

Infelizmente, Orlando hoje não é igual a uma década atrás. Não é simplesmente comprar um ingresso e entrar na fila das atrações, isso já passou.

Se você acha que é só comprar um ingresso na bilheteria, e entrar na atração, você provavelmente vai perder dinheiro e muita experiência boa. Então você vai ter que realmente sentar, estudar, entrar em sites, ouvir podcasts, entrar no YouTube. Tem muita gente criando conteúdo bom.

E a partir disso, começar a pensar em reservas, comprar ingresso, e fazer o planejamento em si. Sozinho ou com apoio de um agente de turismo. São muitos detalhes, muitas variáveis, regras e regulamentos. Temos clientes na agência que nunca foram, e é tão complexo que é muito difícil até começar a explicar para uma pessoa tudo do zero. Então tem que começar devagarinho, para não assustar.

Mesmo para quem tem muita experiência é complexo. Estamos há 12 anos falando disso no podcast e a gente até hoje faz uma ou outra barbeiragem! (risos)

Mas esse estudo, essa pesquisa inicial, é fundamental. Entender também qual é o perfil do grupo que está viajando pode evitar muitos perrengues.

[PPV]: E outra, é uma viagem que requer um investimento alto, então quanto mais bem aproveitada, melhor, né?

[FT]: Sim, e não só por conta do câmbio, né? A inflação nos Estados Unidos também aumentou, aumenta o preço das coisas, as coisas nos parques, ingressos, estacionamentos, estão bem mais caros. É uma viagem que vai ter um investimento alto, então é bom pessoas realmente estudarem bastante antes para entender bem o que tem para fazer lá, porque senão é jogar dinheiro fora.

[PPV]: Você tem alguma dica para evitar pegar parques muito lotados?

[FT]: Primeiro, evitar os feriados americanos, o verão americano e épocas como Spring Break. Existem alguns calendários de referência também, geralmente usamos o Touring Plans – é uma ferramenta paga. Mas está tudo meio estranho depois da pandemia, épocas que antes eram lotadas tem ficado mais tranquilas e vice-versa.

[PPV]: Agora é a minha vez de fazer a você as três perguntas sagradas que o ouvinte do Passaporte Orlando sempre tem que ter a resposta na ponta da língua:

1) Qual o seu PARQUE favorito?
2) Qual a sua ATRAÇÃO favorita?
3) Qual a sua COMIDA/SNACK favorito?

Juliane

Felipe

Disfarçados de concierge do Hollywood Tower Hotel

[PPV]: Aproveitando o tema experiências gastronômicas, o que vocês recomendam para quem tem dúvidas sobre a parte de alimentação nos parques?

[FT]: Primeiro temos que lembrar que dentro dos parques tudo será mais caro, é um fato. Você pode ter experiências incríveis, independente do seu perfil de viajante. É fato também que muitas pessoas economizam uma vida inteira para realizar o sonho de conhecer os parques. E às vezes, essas pessoas não tem como priorizar as experiências gastronômicas mais avançadas nos complexos. Então, o que eu digo é: se você conseguiu juntar e economizar cada centavo que você trabalhou para conseguir ir até lá, você pode comer de forma menos cara, dentro dos parques ou até mesmo montar um lanchinho e levar na mochila. Acho que o importante é estar lá, é você realizar seu sonho, é você ter sua experiência.

Agora, se você tem um pouquinho mais de orçamento, tem como ter experiências diferentes, desde opções mais rápidas (os chamados quick services), até os restaurantes com serviço de mesa e aparição de personagens. Assim como a visita ao parque, é muito recomendado que se estude bem antes, ver se não precisa de reserva, quanto custa em média, para não correr o risco de voltar para casa com aquela sensação muito comum de que parque em Orlando só tem hambúrguer com batata frita e pizza ruim. Descobrimos recentemente, por exemplo, que tem um restaurante japonês lá que custa 250 dólares por pessoa. É caro? Mas tem pra todo mundo. Acho que vai muito do que cada um quer para sua própria viagem.

Um outro ponto é o tempo. A experiência de um restaurante com serviço de mesa, buffet que tem serviço e com aparição de personagesns, vai consumir ali mais de 1 hora do seu dia de parque. Então você tem que decidir se prefere fazer isso ou você prefere comer um hotdog rapidinho, na barraquinha, em 10 minutos, e ir para para uma atração, para uma montanha-russa, para uma outra coisa. Vai muito também do perfil de cada pessoa.

Será que pilotar essa nave é tão divertido assim como dizem?

TENDÊNCIAS DE MERCADO COM A INAUGURAÇÃO DO NOVO PARQUE EPIC UNIVERSE

[PPV]: Vamos falar um pouco de mercado. Com a chegada do gigantesco Epic Universe, o novo parque da Universal, teremos a princípio 11 parques, no total, considerando os parques mais populares: 5 da Disney (sendo 1 aquático), 4 da Universal (sendo 1 aquático e o novo, impossível de se visitar em apenas um dia), mais o SeaWorld e o Busch Gardens em Tampa. O que você acha que vai mudar no comportamento dos visitantes daqui para frente?

[FT]: O Epic Universe com certeza vai dar uma boa mexida nesse “ecossistema” de Orlando. Porque historicamente falando, as pessoas falam “estou indo para a Disney”. Só que quando você fala que vai para Disney, você está indo para Orlando. O que inclui normalmente a maioria dos parques além da Disney.

Claro que a Disney sempre foi o grande chamariz, e a priodade dos turistas. Os outros parques sempre são os outros. Era sempre a segunda opção. Mas recentemente, com o aumento do custo que a própria Disney colocou no preço do ingresso, nos custos adicionais para furar fila e tudo mais, eu tenho a impressão de que os próprios americanos começaram a cada vez mais questionar o custo de uma viagem para Orlando dentro do próprio Estados Unidos.

E aí vem a Universal e anuncia um empreendimento em que deixam bem claro que estão criando uma espécie de resort pra você ficar uma semana inteira lá dentro.

Então as pessoas iam para ficar uma semana só dentro da Disney, e de vez em quando saíam para ir para a Universal. Agora a Universal quer essas pessoas dentro da Universal. Parece confuso, mas é simples. A Universal vai vir forte para essa briga.

Veja: quando você tem os resorts, se você está hospedado dentro da Disney, se você não alugar carro, por exemplo, se você ficar só com o transporte da Disney, você fica dentro daquela bolha da Disney. Sem sair dali para nada. Tudo que você gasta é ali, porque o ônibus vai te levar do hotel para o parque, do parque para Disney Springs etc. Então você fica dentro daquela bolha.

A Universal hoje também tem isso, só que é muito menor. Agora, o Epic Universe, que será um pouco mais afastado geograficamente, vai criar um ambiente mais ou menos parecido com o que a Disney tem.

A Disney sempre teve o terreno inteiro dela. Os parques da Disney são afastados um do outro, mas é dentro de uma área inteira que é propriedade da Disney. A Universal está no meio da cidade, então eles compraram um outro terreno afastado para construir o Epic Universe. E eles devem ligar esses terrenos com algumas estradas que estão construindo. Mas de novo, se você fica hospedado no hotel da Universal, se você pode usar sempre o transporte próprio deles para ir de um lugar para o outro e tal, então você também vai ficar preso dentro daquela bolha.

[PPV]: Além disso, você não acha que ultimamente os parques da Disney deram uma caída, em termos de qualidade, limpeza e manutenção das atrações?

[FT]: Depois da pandemia, e com uma recente troca bagunçada de CEOs, a Disney ficou meio parada. Essa briga política interna afetou muito em termos de novidades, expansões e atualizações. Os parques estão sofrendo demais com a manutenção, e brinquedos quebrando. É até limpeza, tem muita gente reclamando.

A Disney historicamente demora muito tempo para se mexer, para fazer coisas diferentes em parques. Eles até fazem o projeto, apresentam, mas até construir… Um exemplo é o Tron, que estreou no Magic Kingdom. É uma atração que é uma cópia de uma já existente, e levaram 6 anos para fazer. Enquanto a Universal está construindo o parque inteiro em 5 anos.

[PPV]: E como a Disney deve responder à chegada do Epic Universe?

[FT]: Vamos ter que aguardar o que eles dirão na D23, em agosto. É o principal evento em que trazem as novidades que estão por vir. E ver se finalmente vem alguma coisa mais concreta, porque nas últimas edições eles sempre deram ideias abertas, não concretas. Na minha visão, eles estão muito perdidos nessa parte de expansão dos parques. E os parques precisam ser expandidos, realmente expandidos em capacidade, porque estão tão cheios e eles precisam absorver mais esse público.

Eu aposto que a Disney vai começar a se mexer mesmo. Eles têm coisas para construir no Magic Kingdom, no Animal Kingdom. Só que nesse meio tempo, nesses próximos 5 ou 6 anos, você vai ter uma área lá toda fechada, cheias de tapumes onde eles vão estar construindo, então o parque vai ter uma diminuição de capacidade. Eu creio que, por exemplo, o Animal Kingdom vai ser um parque que uma boa parte das pessoas vai deixar de ir. Para ir no Epic Universe.

[PPV]: E a Universal, não deve também atualizar os parques atuais?

[FT]: Acredito que sim. Logo que inaugurar o Epic Universe eles devem dar uma baita reformada no Universal Studios. Já tem rumores a respeito disso.

Porque atualmente o Islands of Adventure é um parque incrível, e muito completo em termos de quantidade, de tipos e variedades de atração. Ele é muito bom, é um parque excelente. E a Universal ficou um pouco para trás.

Acho que, até por isso, o próprio Universal Studios vai ser um parque que vai sofrer uma queda de procura por causa do próprio Epic Universe.

[PPV]: O que você acha que vai tornar o Epic Universe um parque único, que vai despertar tanto desejo de as pessoas quererem ir visitar?

[FT]: Eu acho que a área da Nintendo, do Mário, com o Mário Kart, e a montanha russa do Donkey Kong, prometem ser coisas nunca vistas antes. Acho que a propriedade intelectual da Nintendo, do Mário, tem um potencial quase tão grande quanto o Mickey, em termos de vendas de produto, de interesse do público. O Mário atravessa gerações, vai ser uma área que vai chamar muita atenção, e que vai gerar muita receita para a Universal.

Tem uma propriedade intelectual que a Universal ainda não usou, e tem rumores também de que eles poderiam usar em breve: a do Pokemón. Esse é também outro potencial absurdo. Quando eles colocarem Pokémon no parque, vai vender também que nem água. A propriedade não é exclusiva deles, tem uma outra empresa em conjunto, então devem estar aguardando prazos de contrato para levar para os parques.

[PPV]: E você, pessoalmente, qual área está mais ansioso para ver no Epic Universe?

[FT]: Eu, pessoalmente, a área do Dark Universe. Porque é a primeira vez que a gente vai ter uma área temática fixa de terror. A Universal é muito forte no Halloween, com o Halloween Horror Nights. É um evento absurdamente popular, todo mundo quer ir e é um dos eventos mais esperados do ano.

Eu sempre sentia que faltava uma coisa mais fixa deles, e agora eles fazem uma área inteira temática com os monstros clássicos da Universal, incrível. Estão prometendo que vai ser um baita “dark ride”, tão bom quanto aquele que tem do Harry Potter, do castelo de Hogwarts. Essa atração provavelmente vai ser uma das mais procuradas.

[PPV] Agora falando um pouco da estrutura turística de Orlando. Você acha que a chegada desse novo parque pode estimular o crescimento da rede hoteleira, restaurantes etc?

[FT]: Eu não acho que a chegada do Epic Universe impacte tanto na cidade em si. Faz anos que Orlando é uma cidade que só cresce. Cada vez que vamos para lá e depois voltamos, vemos isso. Sempre com novos hotéis, comércios, restaurantes, shoppings, muita coisa nova. A cidade já está em franco crescimento. Eu acho que o Epic Universe vai ser só mais uma peça para continuar a ajudar Orlando crescer.

VIA MUNDO TRAVEL: A AGÊNCIA DE VIAGENS QUE LEVA VOCÊ PARA ORLANDO

[PPV]: Bom, e para visitar Orlando, com uma assessoria mais que especializada, vocês criaram a agência de viagens Via Mundo Travel. Conte como é a operação de vocês. O que os clientes mais demandam?

[FT]: De tudo! Desde hotel, passagens aéreas, ingressos, aluguel de carro, seguro viagem. Fazemos o design personalizado da viagem, para que ela seja uma verdadeira experiência, exatamente de acordo com o que o cliente sonha. Nada de pacotes prontos. Ah, e é importante destacar que nossa agência trabalha com todos os destinos, então podem contar conosco na próxima viagem.

[PPV]: Muitos ouvintes já viraram clientes da Via Mundo Travel?

[FT]: Com certeza. E os clientes que vêm da nossa audiência já tem um conhecimento mais avançado de Orlando, é uma audiência, digamos, mais especializada. Muitos já compram regularmente conosco.

[PPV]: E o que os futuros clientes podem esperar quando escolherem a agência de vocês?

[FT]: Recebemos diversos feedbacks de clientes que compram conosco por conta da qualidade de entrega do nosso serviço, do atendimento excelente, personalizado, do suporte no pré, durante e pós viagem. Acho que isso resume o que podem esperar da Via Mundo Travel.

MENSAGEM FINAL

[PPV]: Qual é a mensagem final do Passaporte Orlando para quem quer ir para Orlando?

[FT]: Se você está esperando uma oportunidade para ir a Orlando, vá em frente. Invista tempo, estude, porque é muito recompensador. É uma experiência única, uma coisa literalmente mágica e encantadora. Você vai voltar de lá sonhando em ir pra lá mais uma vez. Não é barato, não é simples, mas vale cada segundo e cada centavo investido nessa experiência.

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