DEBATE! Aéreas pedem política clara para setor reduzir custos e voltar a crescer

No último dia 6 aconteceu em São Paulo o 21º Fórum Panrotas, um dos principais eventos anuais do setor de viagens e turismo do Brasil. O encerramento do encontro contou com um debate entre os CEOs das três grendes companhias aéreas do país: John Rodgerson, da Azul, Celso Ferrer, da GOL e Jerome Cadier, da LATAM. Os executivos discutiram os desafios do mercado aéreo e contaram como andam as recuperações de suas respectivas empresas.

A conversa, comandada pelo jornalista William Waack, tratou principalmente sobre a complexa situação do setor de aviação brasileiro, que atualmente enfrenta escassez de aviões, problemas com manutenção de motores e altos custos, tem também uma necessidade de investimentos em infraestrutura.

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Todos enfatizaram a necessidade de encontrar alternativas mais baratas para fazer crescer o mercado e apontaram a importância de aumento de crédito e uma política clara para o setor.

Discutiram também a importância do investimento em infraestrutura e pessoal, já que existe uma alta demanda no mercado, principalmente o doméstico. O aumento da demanda por viagens aéreas no Brasil, principalmente pós pandemia, é destacado como tendência, com uma classe média crescente que está acostumada a viajar frequentemente a lazer e visitas familiares.

Globalmente, o debate destacou os esforços contínuos das companhias aéreas para expandir as suas ofertas e adaptar-se às mudanças nas condições do mercado.

Os CEOs concordam que o mercado brasileiro ainda não atingiu todo o seu potencial e que aumentar a infraestrutura, adicionar mais voos e melhorar a competitividade são necessários para atrair mais passageiros e reduzir preços.

Confira os destaques da conversa:

  • Celso Ferrer contou a trajetória da GOL no mercado da aviação. Levantou o tema da estagnação do mercado já há alguns anos, e como todos os competidores devem encarar essa realidade e o impacto em seus negócios. Ferrer destacou, porém, a importância do setor aéreo no país, que gera muitas oportunidades.

  • O setor não cresceu nos últimos anos e enfrentou desafios como a volatilidade nas taxas de câmbio, custos de combustível e uma crise de crédito pós pandemia. Apesar desses desafios, Ferrer acredita que a GOL, que passa por Recuperação Judicial (Chapter 11), está em uma posição “saudável”, com bons indicadores operacionais e um balanço patrimonial sólido, o que a torna bem posicionada para o crescimento. O plano é posicionar a empresa para crescer. Abordou ainda o recente aporte de US$ 1 bilhão em sua empresa e como isso será importante para o crescimento e a renovação da frota enquanto eles renegociam com credores e arrendadores.

  • Rodgerson enfatizou a importância de se ter companhias aéreas fortes na economia brasileira, que enfrentam atualmente escassez de aviões devido à falta de peças, especificamente de motores. A falta de retorno do investimento nos últimos anos, os altos custos dos combustíveis e questões jurídicas no Brasil são grandes desafios para o setor. Aponta que há necessidade de abordar essas questões e encontrar alternativas mais baratas para fazer crescer o mercado. A Azul está nessa direção, de crescer no mercado da aviação.

  • A conversa girou também em torno da busca constante por aviões disponíveis e do processo de negociação, que depende muito do preço e da frota desejada. A falta de aeronaves disponíveis no mercado mundial é um grande desafio.

  • A LATAM entende que quando há demanda, é preciso ampliar o número de assentos. Mas deve haver um equilíbrio na hora de adquirir aeronaves, não pode ser a qualquer preço.

  • A GOL é um dos maiores clientes do Boeing 737 Max e já passou por altos e baixos por conta dos eventos de segurança passados recentemente por algumas aeronaves. Apesar das dificuldades, a empresa adotou uma postura proativa para avançar e encomendou mais aviões. A GOL espera receber 14 novas aeronaves este ano, mas a indústria enfrenta atrasos nas entregas da Boeing.

  • Os executivos discutiram também sobre os desafios em altos custos e falta de regulamentação. O custo da aviação é impulsionado principalmente pelo combustível (cerca de 40%), mas há outras despesas como financiamento, mão de obra e judicialização. Rodgerson destacou que o Brasil tem 3% dos voos do mundo, e 90% dos processos judiciais do mundo na aviação.

  • Foi abordada também a discussão sobre a necessidade de regulamentação de temas em andamento, como programas de fidelidade de companhias aéreas, taxas de bagagem e cobrança sobre marcação de assentos. Existe um consenso de que o governo poderia ajudar utilizando de maneira mais otimizada o fundo criado no setor da aviação para apoiar as empresas. Afinal de contas, é um setor estratégico para o Estado.

  • Jerome cobrou uma política clara do governo para o setor aéreo. Afirmou que se não houver custo baixo, não há como ter preços baixos. E que sem preços mais baixos, não haverá crescimento.

  • Rodgerson argumentou que o governo brasileiro deveria fornecer mais acesso ao crédito para ajudar as companhias aéreas brasileiras a crescer e competir com companhias aéreas da Europa, dos EUA e de outros países. Em outros países é comum haver subsídio do governo nas companhias aéreas, o que torna o Brasil menos competitivo.

  • Jerome e Ferrer concordam que os subsídios são importantes, mas argumentam que em princípio o Brasil deveria concentrar-se na redução de custos e no aumento da competitividade.

  • Os CEOs discutiram também sobre infraestrutura. John Rodgerson elogiou o movimento do governo para “vender” alguns aeroportos na última década. Celso Ferrer concordou com o colega e destacou que apesar do esforço, há necessidade de mais investimentos.

  • Jerome afirmou que em certas rotas internacionais a LATAM tem custo mais competitivo que a concorrência, e que tendo demanda, é possível expandir rotas e incluir novas rotas.

  • As três aéreas no geral, destacaram também os seus esforços contínuos para expandir as suas ofertas e adaptar-se às mudanças nas condições do mercado.

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